sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Banheiro seco usa cogumelos para compostagem

Protótipo em universidade aproveita raízes de fungos para eliminar odor e transformar dejetos em biofertilizante, sem usar água.
Primeira versão do banheiro seco está sendo testado na University of British Columbia. Foto: Ben Nelms | CBC
Encontrar um banheiro quando estamos precisando é um alívio. Se o banheiro for o protótipo instalado na University of British Columbia, a experiência pode trazer alívio e aprendizado. Usando as propriedades dos cogumelos, cientistas construíram um banheiro seco que absorve odores e, com a compostagem, pode gerar mais de 2 mil litros de biofertilizante orgânico por ano.

O MycoToilet foi desenvolvido por Steven Hallam, professor de microbiologia na UBC, e Joseph Dahmen, líder do projeto e professor associado na Escola de Arquitetura da universidade.

Resíduos sólidos e líquidos são separados e cada um é processado de maneiras diferentes usando micélios, a rede de raízes subterrâneas dos fungos.
Banheiro modular tem baixa manutenção e é acessível para cadeiras de rodas. Foto: Ben Nelms | CBC

O banheiro localizado na universidade é um protótipo e o objetivo dos idealizadores é repensar um espaço e um sistema que muitas poucas pessoas questionam, mas que podem ser mais sustentáveis: os banheiros e vasos sanitários.

Com o projeto, a ideia é apresentar a proposta para os alunos e alunas do campus. Segundo Dahmen, muitos estudantes não sabiam o que acontecia com o que deixam no banheiro depois de apertar a descarga.

“Queríamos transformar uma rotina diária que todos conhecemos em uma experiência agradável que nos lembrasse de nossa conexão com os ciclos ecológicos”, explica o professor.

Joseph Dahmen, líder do projeto e professor associado da Escola de Arquitetura da UBC. Foto: Ben Nelms | CBC

O vaso sanitário sem água separa os dejetos humanos líquidos dos sólidos, com os sólidos indo para um compartimento revestido de micélio, onde testes de laboratório indicam que 90% dos compostos causadores de odores são eliminados. As fezes são então convertidas, de forma lenta e segura, em um enriquecedor de solos e a urina se transforma em fertilizante líquido.

Nos sistemas convencionais, urina e fezes passam por processos de higienização que obedecem a limites regulatórios, antes de serem despejados no mar ou nos rios na forma de “efluente”. “Há muito material útil nesses efluentes e podemos recuperá-lo. Então, estaremos agregando valor e criando um modelo mais circular para a economia e nossas vidas”, diz Hallam.

Várias espécies de fungo são testadas no protótipo de banheiro seco. Foto: Ben Nelms | CBC

Durante 6 meses, os dois cientistas vão avaliar o desempenho das várias espécies de fungos que usaram nos compartimentos para ver qual delas é a melhor opção no processo de compostagem e redução de odores.

Steven Hallam explica que as raízes das árvores têm certos fungos que ajudam as árvores a absorver nutrientes e protegê-las de patógenos. E são estas propriedades que interessam ao sistema de tratamento natural usado no banheiro construído com paredes de madeira.

Steven Hallam e Joseph Dahmen, idealizadores do banheiro seco. Foto: Ben Nelms | CBC

Para Dahmen esse banheiro pode ser adotado em grande escala por países que precisam de soluções rápidas e simples para o saneamento básico. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o mundo tem hoje cerca de 3,4 bilhões de pessoas sem acesso ao saneamento seguro.

“Apesar do progresso na última década, bilhões de pessoas ao redor do mundo ainda não têm acesso a serviços essenciais de água, saneamento e higiene, o que as coloca em risco de doenças e exclusão social mais profunda”, afirmou a OMS em um comunicado.

Fonte: Ciclovivo













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